mercredi, septembre 12, 2007

pocket

enquanto finjo ser normal, olho em volta. entorno. um shopping é o habitat natural dos fúteis. local de encontro de todos os tipos de pessoas. hippies(?), punks(!), góticos, emos, mamães, vovôs, casados, solteiros, crianças, adolescentes. sim. todos de boutique. e fúteis. as pessoas comem "chinese food" no "Mr" Yang. de palitinho. com coca-light. c'est très bizarre.
enquanto finjo gostar, aguardo. essa espera... incansável, interminável, intrigante. se eu estou no shopping sou fútil? o que teria eu de tão especial para não ser? em minhas mãos, manifestos e lapiseira. futuristas, cubistas, expressionistas e grafite 0,7mm. não. comprei-os ao acaso. todos úteis. cadê a moça de vestido petipoá (que não é a mesma coisa em francês) e sandálias irritantes? elle s'est cachée.
enquanto finjo chorar, penso. suspiros. amor, ódio, melancolia. esse tédio. o shopping é um lugar vazio de sentimentos. paredes frias. será que alguém percebe a angústia de não existir? essa indiferença necessária. cinema, bar, cerveja, táxi, beijos. sim. todos de verdade. e necessários. em que ponto eu entreguei meu coração? de papel. desbotado. la vie en rose.

jeudi, septembre 06, 2007

das cinzas

quando queimamos uma folha de papel o cheiro das cinzas podem sufocar. Violet aspirava as cinzas. sentia-se bem com isso. a sensação de sufoco não parecia lhe incomodar. ou era o sufoco que a despertava.
tornou-se um vício.
guardava folhas e folhas e as empilhava no sótão. largava-as no chão. criava muros. quando o sótão ficou repleto de muros, começou a construir torres. quando as torres chegaram ao teto, quis retirar o telhado da casa, mas o vento destruiria tudo. deixou assim.
o sótão ficou tão cheio de folhas que ela não conseguia mais entrar nele. começou a tirar os móveis do sótão, assim caberiam mais folhas. um dia as torres desmoronaram. e os muros e os portões e a ponte.
Violet irritou-se e pôs fogo em tudo.
ria-se sozinha aspirando o sufoco num cinzento delírio.

jeudi, juin 14, 2007

de tout coeur

esse coração inquieto não me deixa pensar. ele quer pensar por mim... sempre acontece. ele vem assim, de fininho, batendo de mansinho e de repente fala mais alto que tudo! droga.
droga mesmo. os livros não tem mais graça. chego a cometer a heresia de questionar qual a função deles. não sinto mais fome. só sede. e vontade de esquecer que ele quer me comandar.
mas não!
ele não passa de um músculo no centro do peito [ou é no lado esquerdo mesmo?] que pensa que domina os sentimentos todos. coração convencido esse. dissimulado. só pensa em si... às vezes eu acho que o meu coração tem umbigo. e se acha o umbigo mais importante do mundo. egocêntrico.
minhas bêbadas palavras se espalham num sábado chuvoso e frio. e o meu coração que pensava em coordenar minhas palavras somente concordou em carregá-las nos meus braços. tontas, pensei. sempre as palavras de sábado eram tontas. e inconseqüentes. e ele, que sempre tentava me impulsionar, dizia dessa vez que o salto poderia ser muito alto. sim, eu deveria me acomodar um pouco. deitar no sofá, talvez. aconchegar-me ao seu colo de coração e ouvir umas frases de carinho. é. eu era mais impulsiva que o próprio coração e ele agarrou meu braço e não me deixou ir tão longe. fica, disse ele.
porque eu ia me dar mal. eu sei.
e agora, eu não sei mais em quem confiar... se no coração, nas palavras bêbadas, nos braços que me levavam ou nos lábios quentes que senti encostar nos meus.
a chuva que me fez acordar... e ainda acho difícil admitir que meu coração é muito persuasivo. e agora, eu me acho uma hipócrita!
mas não sou.
apenas me confundo e me reinvento.
não sei mais qual voz escutar. Violet parece não se importar mais. depois que ela se apaixonou vive nas nuvens. literalmente. o seu jeito de caminhar mudou. ela saltita. e ri. Violet apenas se diverte.
ela me escuta, às vezes. depois, acende outro cigarro na sacada e ri.
eu odeio cigarro. mas confesso que o acho literário, poético.
se eu fosse poeta, com certeza fumaria. e escutaria sempre o meu coração...

mercredi, juin 06, 2007

desculpe, foi engano!

e lá estávamos nós três sonhando olhares e pintando sorrisos. as mesas lotadas, os comentários bobos e sussurrados pra ninguém ouvir e os pensamentos distantes abafavam aquele ambiente de comemorações futebolísticas. eu não gosto de futebol, pensava, e no meu mundo perfeito, ele nem existia. não queria dividir meus suspiros com gritos e buzinas.
a voz da última semana. a lembrança daquela voz linda que ficara dançando pelos ouvidos e a curiosidade encontravam-se, uniam-se, misturavam-se. o número ainda estava ali, na memória do celular. era só ligar de novo.
a coragem sempre vem nos momentos mais estranhos. e ligar não foi difícil. mas atender sim. e o telefone tocou, tocou, tocou.
silêncio.
atender o telefone é difícil. sempre será.

samedi, avril 21, 2007

abraço


me abraça de novo.
bem forte.
como se eu fosse o teu ursinho de pelúcia...